Lentamente, o
megalitismo, talvez a primeira arquitectura construída nestas terras com um
desígnio de longa duração, vai cedendo ao tempo. Mesmo num tempo que a
reconheceu, em parte a compreendeu, e lhe conferiu estatuto de património. Na
recente volta que ando a dar aos meus registos fotográficos do megalitismo
português tomei consciência de algo que me passou despercebido, resultado de
intervalos grandes entre visitas. Comparando fotografias de Cebolinhos 1 de
2008, com as tiradas este ano de 2018, verifica-se que um dos grandes esteios
tombou, ao fim de mais de 5000 anos. A gravidade é tramada. Não só a que é
gerada pelo movimento da Terra, mas sobretudo a que é gerada pela incuria de
quem deveria, por função ou condição, proteger este património. Ou seja, mais
ou menos todos nós. Ficamos, pois à espera de ver quanto mais tempo resiste um
dos maiores monumentos megalíticos do país e da península, e que fica lá mais
para as bandas de Évora. Começo a duvidar que me sobreviva.
Cebolinhos 1 em 2008
Cebolinhos 1 em 2018
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